sábado, 26 de março de 2022

CAROLINA MARIA DE JESUS NA VEIA - APRENDIZADO, INSPIRAÇÃO E REFLEXÃO EM NOSSA REUNIÃO PEDAGÓGICA

 REUNIÃO PEDAGÓGICA

EXPOSIÇÃO CAROLINA MARIA DE JESUS


Seguindo sugestões do grupo para aprimorar a nossa formação, pensamos em atividades tanto internas quanto externas, um exemplo disso foi a nossa primeira Reunião Pedagógica de 2022 realizada no Instituto Moreira Salles (IMS), no último dia 26 de Março, visitamos a exposição de “Carolina Maria de Jesus: um Brasil para os brasileiros”. 

E por que Carolina? Porque Carolina traz uma trajetória, muitas vezes, parecida com o público da EJA, porque representa a força de uma mulher, negra e favelada. Conhecer mais profundamente sua trajetória também nos enriquece e traz elementos mais fortes no trabalho com os estudantes. A exposição é dedicada à trajetória e à produção literária da autora e tem como objetivo apresentar sua produção autoral que inclui a publicação, em vida, de suas obras. Além de destacar suas incursões como compositora, cantora e artista circense.

Reunião Pedagógica realizada no IMS Exposição Carolina Maria de Jesus: Um Brasil para os brasileiros.

Reunião Pedagógica realizada no IMS - Exposição Carolina Maria de Jesus: Um Brasil para os brasileiros.


Todo o grupo se envolveu com a exposição, a cada instalação descobríamos mais sobre a trajetória dessa grande mulher. Frases que nos causavam impacto, comoção, reflexão... O grupo analisou diversos objetos que lá estavam como a colher com um gancho na ponta: uns chegaram a pensar que a fome dói chegando a cortar os corpos dos famintos, porém após muitas análises gostamos bastante da fala da professora Luciana ao dizer que a fome muitas vezes pode ser uma disputa de poder, onde algumas pessoas da sociedade podem usá-la para fisgar a população.



Outra reflexão foi sobre um tamanco confeccionado de açúcar, o calçado era símbolo de pessoas escravizadas quando conquistavam a sua alforria. Na análise surgiram interpretações de que o tamanco foi representado de açúcar porque a liberdade é doce. Mas também chegamos a conclusão de que o açúcar, apesar de doce, se exposto à água pode se desfazer, simbolizando a fragilidade dessa tão doce liberdade.



Para fecharmos a Reunião, levamos ao grupo balas com palavras escritas em cada uma delas: Desigualdade, Resistência, Pobreza, Luta, Racismo, entre outras. A ideia é que esse aporte pedagógico fosse um disparador de falas, do que havia sido significativo na visita para cada um e o que aquelas palavras remetiam após visitarmos a exposição, quais sentidos elas tomavam. E foi curioso que a bala que trazia a palavra pobreza foi rejeitada de maneira veemente pela maioria dos professores.



Como de fato sabemos, não há atrativo nenhum na pobreza, ela fere, maltrata, exclui e promove crueldades impossíveis de se conviver, porém, ela fez parte da obra de Carolina Maria de Jesus, permeou todos os seus registros e foi escancarada para quem assim fizesse uma leitura, mesmo que superficial de seus livros.

Saídas Pedagógicas enriquecem tanto a nós educadores quanto aos estudantes, por essa razão temos a intencionalidade de realizarmos saídas durante o ano, porque a aula ocorre dentro e fora da escola. Temos uma cidade educadora que nos oferece múltiplas possibilidades de aprendizado.

A Cidade de São Paulo, mesmo que negligenciada em vários aspectos, tem sua efervescência cultural exalando pelos póros, todos os cantos dessa metrópole, de maneira convencional ou não, quer seja nos territórios mais centrais e privilegiados com seus aparelhos culturais, ou nas periferias com estruturas improvisadas em gritos de expressão de resistência, a cultura se manifesta nas mais variadas formas, o importante é ter um olhar treinado e saber problematizar as questões para que sempre haja possibilidades de nutrição estética, degustação de arte pura, até a potencialização da criticidade dos nossos estudantes e equipe docente.

Por: Cirley Mendonça e Viviane Moreiras