terça-feira, 22 de agosto de 2017

FORMAÇÃO EM JEIF SOBRE DEFICIÊNCIA VISUAL

"É necessário sair da ilha para ver a ilha.
Não nos vemos se não nos saímos de nós".
José Saramago

Com o término do primeiro semestre, fizemos uma avaliação dos PEAs, e ao ouvir as educadoras e educadores do CIEJA, percebemos que para qualificarmos ainda mais nossa formação seria importante trazermos especialistas, visitarmos lugares que inspirassem cada vez mais o nosso trabalho, como o fizemos na semana passada ao realizarmos nossa Reunião Pedagógica no Memorial da Inclusão. 

Tendo isso em vista, convidamos para nos repertoriar e nos enriquecer a formadora Maria Regina Marques Lopes da Silva, graduada em Assistência Social e responsável pelo Projeto Palestras Inclusivas. O Projeto visa preparar 50 escolas para a inclusão de alunos com Deficiência Visual, uma ação da Fundação Dorina Nowill para Cegos.

Regina falou sobre o trabalho realizado na Fundação atendendo desde bebês até idosos. Comentou sobre o centro de memória instalado na Dorina Nowill totalmente acessível que está aberto a visitação, para isso basta um agendamento para uma visita monitorada.

Além disso há toda a parte de impressão em Braille tanto de livros best sellers quanto de outros materiais. É possível contar também com o recurso de livros falados que são gravados em um estúdio próprio e estão disponíveis para empréstimo na Biblioteca Circulante, os interessados devem somente se cadastrar para a utilização desse material.

Regina trouxe informações sobre como identificarmos o aluno com deficiência visual e problemas oculares; deu orientações sobre a mobilidade e qual a melhor forma de os auxiliarmos (quando necessário); falou sobre a utilização de auxílios ópticos, eletrônicos e tecnológicos; pontuou a necessidade de trabalharmos no concreto, dando orientações pedagógicas quanto a rotina escolar; e esclareceu algumas dúvidas sobre as atividades do dia a dia de uma pessoa cega.

Regina convive com a cegueira há mais de 30 anos, pois começou a perder sua visão por volta dos 20 anos de idade. Falou sobre autonomia, vida profissional e um pouco de sua rotina.

Tivemos uma tarde de muito aprendizado e esclarecimentos e ao final cada um foi presenteado com um kit completo contendo um alfabeto Braille, diversos folders explicativos sobre a Deficiência Visual e indicações pedagógicas de como trabalharmos e um CD que traz informações sobre o Projeto Palestras Inclusivas.

Aprendizado, Informação, Conhecimento, Educação Inclusiva, somos do CIEJA Santana/ Tucuruvi buscando cada vez mais melhorar nosso fazer pedagógico! 
Obrigada Maria Regina por suas valiosíssimas contribuições!

Por: Viviane Moreiras
Coordenadora Pedagógica


"Se podes olhar vê.
Se podes ver repara."
José Saramago
Ensaio sobre a Cegueira



Ao final além de nos nutrimos com os ensinamentos da Maria Regina, também nutrimos o nosso corpo e festejamos o aniversário da profª Isabel Pecim que está feliz em ter retornado ao CIEJA em Julho desse ano. 

Parabéns Isabel, o aniversário é seu, mas o presente quem ganhou fomos nós... o bolo estava delicioso!!! Feliz 55 anos!

Viviane Moreiras
Coordenadora Pedagógica











quarta-feira, 16 de agosto de 2017

REUNIÃO PEDAGÓGICA - MEMORIAL DA INCLUSÃO

Em terras férteis da inclusão...

"O pensamento é como a águia que só alça voo nos espaços vazios do desconhecido. Pensar é voar sobre o que não se sabe. Não existe nada mais fatal para o pensamento que o ensino das respostas certas. Para isso existem as escolas: não para ensinar as respostas, mas para ensinar as perguntas. As respostas nos permitem andar sobre a terra firme. Mas somente as perguntas nos permitem entrar pelo mar desconhecido."

Rubem Alves, 2004

Quando nos propomos a trabalhar com Educação Inclusiva, pressupõe estudo, pesquisa, busca por conhecimento, para que nosso fazer pedagógico se qualifique e consigamos avançar em nossas práticas.
Para nós do CIEJA Santana/ Tucuruvi, o trabalho com pessoas com deficiência é uma realidade, desse modo um de nossos PEAs (momento em que Professoras, Professores e Equipe Gestora se reúnem para estudar, ler, refletir, debater, criar) é dedicado para repensarmos, problematizarmos, estudarmos e criarmos materiais pensados para esse público adulto com as mais diversas deficiências e/ou dificuldade de aprendizagem, um público que traz suas especificidades e historicidades. Esse espaço possibilita a formação permanente de nós educadores.
Pensando em nos repertoriarmos nessa temática, sugerimos que nossa 3ª Reunião Pedagógica desse ano, ocorresse no Memorial da Inclusão. Espaço que privilegia conscientização e a valorização do protagonismo das pessoas com deficiência e o respeito aos seus direitos.
Como de costume, preparamos uma pauta que nos conduzisse à reflexão e nos preparasse para a tarde de conhecimentos que estava por vir.
Na última segunda-feira, pedimos a cada professor que escrevesse uma única palavra em um post-it: "O que é para você trabalhar com a educação inclusiva?"
Tivemos uma gama de interpretações, algumas palavras se repetiram, mas em sua grande maioria foram inéditas, de qualquer modo havia possibilidades riquíssimas para um trabalho com a inclusão de nossos jovens, adultos e idosos com deficiência. Reunimos todas essas palavras e colocamos uma em cada pauta/folder em que preparamos.
Condensamos todos os post-its em uma árvore na página seguinte para que todos tivessem a dimensão da totalidade do que o grupo pensa a respeito do trabalho inclusivo... de fato estamos caminhando em terras férteis da inclusão, frase que colocamos abaixo da imagem da árvore.
Trouxemos também informações em relação a Lei Nº 8.123/91 que trata sobre a cota de contratação de pessoas com deficiência pelas empresas. A lei de cotas abrange todos os tipos de deficiência (física, visual, auditiva e intelectual), porém o que ainda presenciamos é a contratação de pessoas com deficiência que causaria menos impacto na rotina das empresas.
Por fim, anexamos algumas informações sobre o Memorial da Inclusão - Os Caminhos da Pessoa com Deficiência.









Antes de iniciarmos a nossa visita monitorada no Memorial da Inclusão, entregamos uma pauta para cada um de forma aleatória, a ideia era que cada um falasse sobre a palavra que recebeu, interpretasse a partir de suas experiências. Foi um momento bastante rico, onde os professores se colocaram, trouxeram compreensões outras de cada palavra escrita nos post-its. 















Na sequência fomos recebidos pela educadora Bruna Pitteri, responsável pelo Educativo do Memorial. Bruna nos levou de olhos fechados em fila para a Sala Sensorial, com o objetivo de aguçar nossos sentidos como tato, audição e olfato.



















Ao sairmos da sala falamos um pouco sobre as sensações de estar nesse espaço e fomos conduzidos a uma viagem a outros tempos, por intermédio de algumas peças do Museu Paulista e outras idealizadas pelo Educativo do Memorial possibilitando acessibilidade às pessoas com deficiência. Criamos histórias a partir dos objetos, reativamos algumas memórias ao conectarmos o uso de determinados objetos a pessoas de nossa família, nos encantamos com a riqueza e o cuidado de algumas peças.


















 










Após essa atividade, Bruna nos conduziu a um painel que fala sobre o Ano Internacional das Pessoas com Deficiência, debatemos bastante sobre o tema. Foi bacana poder contar também com a educadora Gabis e sua experiência, dificuldades enfrentadas em função de sua deficiência física.
















Bruna propôs um jogo provocativo, tínhamos que discutir a partir dos cartões que ela nos mostrava quem de fato estaria fazendo parte da sociedade. O jogo rendeu muitas discussões e nos fez pensar sobre como ainda vivemos em sociedade excludente e individual. Por outro lado, é importante que tenhamos consciência de que a luta não pode parar.


 


Para terminarmos nossa visita, fomos levados ao auditório do 2º andar para assistirmos a um vídeo que faz parte do Projeto Memórias - Cida Fukai fala sobre sua luta para conquistar uma vida independente, numa sociedade que apenas começa a aprender a respeitar os direitos das pessoas com deficiência. 
Clique no link abaixo e assista seu depoimento:


Falamos sobre a falta de preparo das pessoas de modo geral para lidar com as pessoas com deficiência e naturalização de estereótipos julgando- os muitas vezes, como incapazes.
Por fim, Bruna solicitou que 3 professores respondessem um questionário de avaliação e concomitante a isso, assistimos aos vídeos da Campanha "Dê uma ajudinha a si mesmo, reveja seus conceitos", uma realização do Instituto Mara Gabrilli que aborda a convivência entre pessoas com e sem deficiência. Nela, personagens com diferentes tipos de deficiência dramatizam situações cômicas cotidianas presentes no convívio com pessoas sem deficiência. O roteiro foi elaborado a partir de relatos de pessoas com deficiência.

Clique no link e reveja seus conceitos:

Dê uma ajudinha a si mesmo, reveja seus conceitos   
Deficiência Intelectual


Dê uma ajudinha a si mesmo, reveja seus conceitos   
Deficiência Auditiva


Dê uma ajudinha a si mesmo, reveja seus conceitos   
Deficiência Visual


Dê uma ajudinha a si mesmo, reveja seus conceitos   
Deficiência Física


Saímos de nossa Reunião Pedagógica com algumas certezas, com muitas reflexões e com a convicção de que ainda há muito por fazer. Buscar é o verbo que nos move e juntos vamos construindo uma educação cada vez mais inclusiva, que respeita as especificidades de nossos alunos e que encontra na relação com o outro caminhos para entendermos que esse outro é sempre necessariamente diferente de mim, de você, de nós.

Por: Viviane Moreiras
Coordenadora Pedagógica